No dia 04 de agosto de 1996,
chegamos em Pelotas. Nós, a família de Sergio Aguiar, eu, sua esposa e os
filhos
Samuel Aguiar da
Cunha, 10 anos na época, e o
Misael Aguiar da Cunha,
4. Hoje faz 16 anos. Sami foi embora em fev/2004 fazer sua faculdade e
trabalhar no IF-SUL de Sapucaia, Misinho ficou e criou raízes aqui porque
cresceu neste lugar. Eu e o “Fofo” estamos cumprindo o propósito de um chamado
de Deus. EBENÉZER - Até aqui nos ajudou o Senhor.
Lembro-me
de acompanhar os takes das Olimpíadas de Atlanta pelas TVs da Rodoviária de
Pelotas à época. Os tempos passam, as pessoas mudam. Mudei, mudamos, mas a
Palavra Eterna permanece semeada no peito. E assim tocamos em frente - semeando
às vezes
em dores, mas crendo e esperando nEle o pagamento justo e perfeito reservado àqueles
que largaram o arado e trocaram o tipo de pescaria, preferindo o Pão Celeste às
migalhas dessa vida.
Meus queridos:
Os textos acima foram postados no
facebook, bem no início da madrugada deste dia.
De fato, viemos pra esta cidade,
atendendo um chamado de Deus. Não era meu desejo sair de Porto Alegre. Era,
sim, do meu marido. Mas nunca pedimos transferência de uma Igreja para outra.
Sempre deixamos isso aos cuidados superiores, crendo que Deus realiza os
desejos do nosso coração com a finalidade de realizar Seus supremos propósitos,
tanto para o Seu Reino, quanto pras nossas vidas individualmente.
O Pastor Sergio sempre pensava em
um dia pastorear numa cidade do interior do nosso estado. Só que nunca pensou
que fosse um dia convidado a vir pra Pelotas, que é a sua terra natal. Eu, que já tinha vivenciado muitas
dificuldades acompanhando meu pai que sempre pastoreou no interior, orava a Deus
para que isso acontecesse quando fosse a mudança para uma cidade onde
pudéssemos ter estrutura para que os nossos filhos tivessem boa base escolar e
seguirem até uma graduação. Não queria que se repetissem os traumas que
marcaram minha família, particularmente minha mãe, porque teve de chorar a saudade
dos filhos que tiveram de sair de casa pra poderem prosseguir em estudos e
projetos pessoais porque moravam em um lugar que não oferecia opções de cursos do
2º grau, hoje ensino médio, e nem universidade. Aí é uma longa história de não
aceitação por parte da minha mãe e eu que abri a passagem nesse sentido só com
a ajuda do nosso Superintendente, na época, pra poder ter a permissão pra deixar a casa paterna
antes de ter me casado e, uma vez que já estava no ministério, poder também seguir
nos estudos.
Então, a minha oração era sempre
no sentido de que Deus nos permitisse sair da capital só para uma cidade onde
pudéssemos oferecer boa educação escolar aos filhos. Ao contrário dos filhos de
pastores da minha geração, que não conseguiam cursar uma faculdade, eu queria
vê-los formados, bem preparados e servindo a Deus, muito embora as dificuldades
sempre existam no ministério pastoral e os filhos não passam ilesos. Só quem é
filho(a) de pastor sabe como é difícil o que um dia já foi muito pior.
Foi então que, em novembro de
1995, recebemos convite pra vir pra Pelotas pastorear. Era um convite do então
Superintendente, Rev. Eliezer Bernini, não uma trasferência imposta pelo
Conselho. Havia aqui um pastor que havia pedido transferência e surgia então a
oportunidade para o meu marido e eu virmos pra cá “de mala e cuia” como diz o
gaúcho.
Eu trabalhava como CC do estado,
na Assembléia Legislativa e gerenciava uma rede de cosméticos e
perfumaria. Mas como nunca deixei o
ministério em segundo plano, disse sim. Meu esposo pediu um prazo pra pensar e
conversarmos, por ser a sua terra.
Foi aí que me lembrei da primeira
vez que vim a Pelotas, no final da década dos anos 70, viemos para uma
Convenção Estadual, quando foi consagrado o Gigantesco Templo, Primeira Igreja
de Pelotas, na Rua Barão da Conceição. Chegamos dois dias antes, pra termos
tempo de passear e eu conhecer os parentes do meu marido. Quando chegamos na
COHAB Fragata, num lugar que tudo era novinho, difícil até de localizar os
ainda muito novos moradores, pra visitar ali uma tia e a prima com sua família,
caminhando por aquelas ruas planas, debaixo de um sol muito quente, senti que
pisava num chão por onde passaria muitas vezes. Senti aquilo tudo muito
familiar. Era como se fosse meu lugar. Me vieram a mente umas cenas nunca antes
vividas mas que aconteceram mais tarde, já pastoreando aqui. Falei pro meu marido,
com muita certeza do que dizia: _ Ainda viremos um dia pastorear aqui. Ele
respondeu: _ Mas por que dizes isso? Esqueces que nasci aqui no Fragata? Nunca
seria lembrado pra vir pra cá. Respondi como que por inspiração: _ Calma! Deus
tem Seus planos. E isto não será pra logo. Vai demorar uns anos.
Fomos pras proximidades da Vila
Hilda, onde foi a infância dos filhos dos meus sogros, Seu Ramão e Dona Maria
Teresinha, que construíram casa nesse lugar e criaram os “guris” Sergio Renato,
Clóvis Roberto e Claudemar. Na Avenida Duque de Caxias me veio a mesma
sensação que senti lá na COHAB Fragata. Esse tipo de coisa em que a gente se
sente integrante do cenário, quando sinto isso, pode registrar: é só esperar o
tempo certo. Quando se cumpre, parece que já se sabia de antemão. Isso me
aconteceu na primeira vez que entrei na IEQ em Auxiliadora, só pra levar uma
pessoa pra congregar ali com o então pastor, um jovem chamado Sergio Aguiar,
com quem eu nunca havia parado pra conversar, só o conhecia de longe. Senti
isso ao entrar no salão onde funcionava a Igreja, não deu outra, um dia fui
pastorear nesse lugar , ainda era solteira, mas mais tarde me casei com o jovem
que fora pastor ali e que me passou a Igreja por ordem do Superintendente, quando
nós ainda não namorávamos. Tambem me aconteceu o mesmo quando fui pela primeira
vez na Vila Farrapos. Lá não tinha nenhuma Igreja Quadrangular, mas pouco tempo
depois fui enviada pelo Superintendente para abrir uma obra lá, Igreja que hoje
é pastoreada por nosso filho fé, Pr. Nelson Kowalski e Prª Risélia.
Tudo isso lembrei ao meu marido
que, embora financeiramente nos desfavorecesse muito, devia haver um chamado de
Deus pra nós virmos pra Princesa do Sul, Terra do Doce. Ele argumentava comigo:
_ Mas o povo lá me conheceu “mandinho”, termo pelotense, sinônimo de menino. Eu
dizia: _ Se Deus envia aos teus conterrâneos, então vais dizer não? E quantos
nasceram depois de ti e quantos mais velhos não te conheceram e precisam de
salvação lá! Meu único pedido a Deus era que quando fôssemos pra outra cidade
no estado, que houvesse jeito dos filhos estudarem e desenvolverem-se na área
de suas aptidões. E que cidade rica em instituições de ensino! Desde o
Conservatório de Música, porque o Samuel, nosso primogênito era músico, acho
que desde antes de nascer, podendo antes, ambos passarem pela então Escola
Técnica do gabarito que é, posteriormente CEFET-RS e hoje, IF-SUL.
Um dia, chegando em casa, após o
culto, estando com a chave na mão para abrir o apartamento onde morávamos, ele
anuncia à família: _ Filhos, vamos embora pra Pelotas. As crianças olharam com
aqueles olhinhos redondos, cheios de interrogação e o Misael perguntou assim que
entramos na sala: Papai, e que dia vamos para a Pelota?
No dia seguinte, meu esposo ligou
pro Superintendente da Região Pelotas e disse SIM.
Daí começou uma outra história
que agora não vem ao caso, porque o pastor daqui já não queria mais ir embora.
Mas se Deus escreveu, ninguém, apaga. Ou, se mais moderno, se Deus digitou, ninguém
deleta. Demorou uns meses ainda, mas estava lá, salvo no disco rígido do PC do
Pai Eterno.
Viemos pra cá no dia 04/08/1996.
E viemos de táxi para a posse na IEQ Vila Gotuzzo. Não por luxo, mas por um erro ocorrido ao tirar as passagens.
Mas viemos e já faz dezesseis anos.
Temos aqui vivido pela graça de
Deus que nunca nos faltou. Seu cuidado e amor incondicional que nos sustentou
sempre. Não podemos dizer que foi melhor do que em Porto Alegre nem foi pior,
tão somente estivemos debaixo do controle de Deus e isso é tudo.
Aqui já ganhamos almas, formamos
discípulos e continuamos a correr a carreira que nos está proposta. Na vida
pessoal, também tivemos grandes lutas e maiores ainda foram as vitórias. O
saldo é positivo porque de todas as aflições nos livrou o Senhor. Nossos filhos
cresceram servindo a Deus, sempre nos ajudaram no Altar e fora dele. O Samuel é
hoje formado em Direito e Mestrado, bem casado com a Drª Hadassa, com quem
fundou um lar muito abençoado. O Misael está cursando com mérito sua graduação
e se encaminha para o casamento com a também serva de Deus e universitária
Jéssica Bauwalet.
Eu que vim para Pelotas com boa
saúde, aqui enfrentei enfermidades muito graves, sofri com o clima, lutei
contra as ameaças do câncer durante anos e estou curada, sem nunca deixar de
pregar o Evangelho. Viajei por várias regiões do estado, servindo dois mandatos
de Secretárias de Educação, como Diretora
Estadual dos ITQs, indicada ao CED pelo meu então Superintendente, Rev. Eliezer
Bernini, e servi em Pelotas em algumas coordenadorias, EBD, GMM e Diaconato.
Hoje, já faz seis anos que sou
Pastora Titular no Jardim Europa. Nesse lugar, muito mais tenho aprendido de
Deus e nEle confiando sempre, eu e minha família temos experimentado o cuidado
infalível do Supremo Pastor que nada nos deixa faltar. Em outubro, dia 21,
querendo Deus, completarei 40 anos de ingresso no Ministério Quadrangular, dos
quais, 16 e alguns meses já foram gastos aqui nesta cidade de Pelotas. Por esse
tempo todo, muito pouco posso dizer que fizemos, mas uma coisa é certa, ainda
buscamos fazer mais e melhor para Aquele que nos chamou e nem a Sua vida poupou
para nos salvar.
EBENÉZER = Até aqui nos ajudou o
Senhor.
Pastora
Teresinha Aguiar